Do Àtomo à Galáxia
“O NITROGÊNIO em nosso DNA. O CÁLCIO em nossos dentes. O FERRO em nosso sangue. O CARBONO em nossas tortas de maçã. Foram criados no interior de estrelas em colapso. Nós somos poeira das estrelas.”
– Carl Sagan
Você já deve ter ouvido que nós somos todos ‘’poeira estelar’’, essa afirmação se deve ao fato de que todos os átomos mais pesados (do hélio para cima na tabela periódica) são criados nas estrelas.
O astrônomo americano Carl Sagan, provavelmente o maior divulgador científico de todos os tempos, costumava dizer que nós – humanos, seres vivos da Terra, o próprio planeta e todo o sistema solar – solar – somos poeira das estrelas. Era o modo lírico dele de explicar nossas origens no Universo. Só surgimos porque outras estrelas morreram há bilhões de anos, espalhando pelo espaço matéria composta de elementos químicos que viriam a nos constituir tempos depois.
E quando morremos, voltamos ao que éramos, voltamos a ser parte do mundo, da terra, viramos vários sistemas ecológicos que alimentam colônias de insetos e outros animais, ao menos se formos enterrados.
A questão do que ocorre com nossa essência, que quero dizer, não é científica…
Permanecemos relevantes enquanto as pessoas se lembram da gente, nossa vida é a memória que elas têm. Deixar um legado, fazer diferença no mundo enquanto vivos, isso é o que é importante e que dá sentido à vida que temos.
No livro O Homem em Busca de um Sentido, Viktor Frankl – neuropsiquiatra austríaco, fundador da terceira escola vienense de psicoterapia, a Logoterapia e Análise Existencial –aborda a questão do sentido da vida. Ex-prisioneiro do campo de concentração de Auschwitz ele faz um relato da sua experiência e as situações muito difíceis vivenciadas naquele ambiente de dor, sofrimento e privações. E reflete:
O que é, então, um ser humano? É o ser que sempre decide o que ele é. É o ser que inventou as câmaras de gás; mas é também aquele ser que entrou nas câmaras de gás, ereto, com uma oração nos lábios.
Então, o sentido da vida é buscar por sentido na vida. É viver com intensidade, celebrando a simples beleza do inesperado, das coisas que acontecem por acaso e que definem nossa existência. O encontro inusitado, a notícia que surpreende, a chance que surge.
E, assim como os sentidos são únicos, eles também são mutáveis. O que pode nos levar a descobrir algum propósito também em situações desfavoráveis, quando enfrentamos um destino que não pode ser mudado.
Nesse contexto o autor adverte que quando a circunstância é boa, devemos desfrutá-la; quando não é favorável devemos transformá-la e quando não pode ser transformada, devemos transformar a nós mesmos. E, conclui: “Tudo pode ser tirado de uma pessoa, salvo uma coisa: a liberdade de escolher sua atitude em qualquer circunstância da vida.”
Ponto de reflexão: a nossa existência não pode ser pautada somente no que temos a esperar da vida, mas também, no que a vida espera de nós.